kitschnet - mini-pratos ao balcão: 11.13


25.11.13

Esprit natalício

Este Natal, já sabem o que vão pedir ao Whalt Whitman?

Este Natal vou fazer um presepício.

Neliz Fatal.

posted by pimpinelle
15.11.13

Convenhamos

Uma lua cheia será um queijo, mas um quarto minguante ou um quarto crescente plenos são meio papo-seco.


posted by pimpinelle
12.11.13

Metropolitâneo
Na Alameda subterrânea, moça anafada anuncia com enfado os pastéis de nata industriais que jura serem acabados de chegar (terão vindo de metro?) notem que diz chegar e não fazer. Está afastada do carrinho onde os vende, um pouco no meio do caminho dos cidadãos  publico-transportados, mãos atrás das costas, de boca aberta como ardina de antigamente. Talvez seja estudante; é nova, quiçá licenciada moradora nalgum subúrbio. 
Sorrio-lhe, solidária com a dureza da posição em que se encontra, à mercê das correntes de ar, provavelmente com metas de vendas para atingir. Olha para mim com estranheza mas continua a apregoar. Pelas sobrancelhas, parece zangada. Percebo que julgou que o meu sorriso era de troça. Continuo a andar, estou com pressa. Ainda penso em voltar para trás, para esclarecer o mal-entendido. 
Mas esclarecer o quê? Seriam necessárias muitas palavras para explicar uma coisa simples, julgar-me-ia doida, talvez ela seja doida, talvez eu me sentisse forçada a comprar um pastel de nata industrial, talvez ela me desse com um na cara.

posted by pimpinelle
11.11.13

Micro-poema
Consultor java júnior.
Zuvi zeva novi.

posted by pimpinelle
6.11.13

Encostado à ombreira, o homem vê a delgada jarra de cristal em cima da cómoda e o gato a brincar com a flor de plástico que dela espreita. Vê que o gato se fartou da falsa flor e que agora se interessa mais pelo equilíbrio da jarra. Com uma patada suave, a jarra balança, com uma patada mais forte, balança mais. A jarra está na ponta da cómoda e o homem sabe que ela irá cair dentro de instantes porque o gato continua interessado nela. O homem quer ver até onde consegue esticar a sua imobilidade antes de evitar a queda da jarra. O gato gosta do baloiçar periclitante da jarra porque a flor se agita, como que animada, e, talvez, por se sentir influente. Ao coibir-se de intervir, o homem sente-se igualmente poderoso, dono da sua vontade. O gato dá agora uma patada certeira na borda da jarra, que faz uma vénia em direcção à comoda. O homem imagina rapidamente os  cenários que daí podem advir e ordena-os da maior à menor probabilidade: a jarra pode cair de imediato ao chão, pode ressaltar uma ou mais vezes na cómoda e só depois cair ao chão, pode ficar na cómoda e a flor cair ao chão ou jarra e flor podem jazer simplesmente na cómoda. Depois de feita a sua jogada, o gato, como o homem, aguarda com interesse a decisão do destino. Um instante depois, torna-se claro que a jarra irá cair levando a flor consigo. Nesta altura, o homem sabe que se esticar o braço e avançar o corpo conseguirá amparar a queda da jarra. Porém, atrasa o mais possível a sua acção. Ao observar a cena com minúcia, o tempo dilata-se e o homem quer ser capaz de distinguir, no meio das infinitas fracções de segundo, qual a que marca o limiar, o momento que separa o ainda ir a tempo do já não. Quanto mais atenta, mais lenta se torna toda a cena. Tudo imóvel, incluindo o gato, menos a jarra, que tomba inexpressivamente segundo as leis da física. Invisível, só a mente do homem se agita. Assim que o constata, o homem distrai-se da cena e perde definitivamente a oportunidade de travar a queda. Talvez a mesma queda que aconteceria se ele não estivesse ali. O homem aproxima-se da jarra fragmentada e, enquanto apanha os cacos, sorri.

posted by pimpinelle