domínio público
tenho saudades tuas como se contivesse no peito todas as ciganas que choram pelos seus à porta dos hospitais.
é um histerismo que embala.
escrito há muitos dias, num acesso aceso de adília lopes. agora dou-o à luz que não posso senão rir.
mãos que esfregam a cara de contente. dedos diamantes enferrujados do frio que não escreve, só se encaracola. devia escrever-se hinberno. pressão vaporosa de quem não se exprime há muito porque ouvir e divagar é menos taxativo e mais pedagógico. dedos rápidos descontentes com o resultado acusados pelo corrector ortopédico is watching you. tempo para ler tempo para ler tempo para ler tempo paralelo para poder lê-lo aberto tal livro e no meio da bússula encontrar a ursa maior e claro, hinbernar. círculos fechados onde não quero entrar meia alice. prosa patética, palhaça, augusta. o miller a morder-me os calcanhares e eu sabia lá que tinha estas coisas todas para dizer antes de almoço. a música ajuda, empurra, como os copos de água entre garfadas infantis de quem não quer mais, compassa comparsa, disfarça o trote pianal. dizparate, o artista não compreende o que faz. certamente caro senhor, certamente. ora bem deixa cá ver o que direi hoje. sempre juízo emitido imitado a que quero escapulir. o melhor do mundo depois das crianças são os edredons. não há palavras suficientes que rimem com edredon. capitão iglo, faça qualquer coisa.
[diz-se edredão. que feio. Do isl. aedardun, «penugem do êider», espécie de papagaio-do-mar, pelo fr. édredon]
o pedro mexia diz que as mulheres mal frequentam as estantes de filosofia. pois também eu nunca te vi lá, paspalho.
como é maravilhoso que ninguém precise de esperar um só minuto antes de começar a melhorar o Mundo.
Anne Frank
uma vez sonhei entrava num restaurante em que o miguel esteves cardoso e o pedro mexia estavam ambos na mesma mesa, à minha espera para jantar. lembro-me precisamente de imensos pormenores. não sei porquê. é raro lembrar-me dos sonhos, muito menos cherish them. sonhos é só este e um outro, com 14 anos, quando sonhei que era dona de uma loja e podia levar tudo o que lá havia sem pagar. é engraçada esta fantasia do sem pagar. é comum, imagino. aprendi que muito pouco ou quase nada é só nosso. quando há uns anos um telhado abateu no edifício pré-fabricado de um supermecado pensei imediatamente nas possibilidades de saque que aquela janela oferecia. e vai-se a ver e é o que se vê nos motins e afins. natureza humana. a outra tem os seus desastres. a nossa também.
[o possidónio cachapa tem uma opinião imbecil, pelo menos. não acredita na citação. não é nada de elaborado. parte para a violência e diz que quem cita não é capaz de pensar pela própria cabeça. faz-me lembrar as pseudopessoas que julgam que quem gosta de biografias tem uma pobre vida própria. além disso acha que tem piada para dar e vender, o que no seu caso lha tira definitivamente. esperava muito mais de alguém com esse nome.]