reverendo ora, o sim ganha. grande abstinência e ninguém vai pensar em nada. posted by pimpinelle
26.1.07
ensino básico elevado pequeno ou Elevado grande? perguntávamos nós, muito místicos. posted by pimpinelle
25.1.07
cai-me tudo cai-me o queixo caio toda e assim me deixo apegar-me o touro pelo cronos o sol na tromba e o mar nos olhos. é só um instantinho e eu faço-me leve, prometo quem me segura um instantinho enquanto refaço o esqueleto? posted by pimpinelle
hoje no comboio uma senhora com a barba por fazer lia publicação brasileira dedicada às devoções. entre a santa do felipão, terços e novenas, ela movia a boca murmurando as preces receitadas espalhadas pelas páginas. numa delas espreitei eu a lista dos santos e respectivos poderes. parece que o S. Pantaleão é o indicado quando se trata de encomendar aos céus a cura da asma e da tuberculose. fiquem sabendo.
Modelos Estou em casa. Telefona Estou no trabalho. Telefona Estou em reunião, telefona às Reunião cancelada. Estou atrasado. Chego às Vejo-o dentro de Vejo-o às Lamento, é-me impossível ajudá-lo. Chegarei às Nokia, in «6230» posted by pimpinelle
a preto no branco
se lhe fosse dado a escolher seria uma mulher fractal.
nunca em tão pouco tempo tantos se devem ter perguntado quem é este senhor. é este aqui morreu muito pobre. mas era muito muito rico. mais do que a floribella. posted by pimpinelle
Fui num domingo a Cacilhas Mais o Chico Maravilhas Comer uma caldeirada. A gente não nada em taco Mas vai dando pró tabaco E para regar a salada.
É porque isto é mesmo assim A gente morre e o pilim Não vai para a cova com a gente. E antes gastá-lo no tacho Do que na farmácia, eu acho Isto é que é principalmente.
Terminada a refeição Ao entrar na embarcação Começou a grande espiga. Um mangas abriu o bico Pôs-se a mandar vir com o Chico E o Chico arriou a giga.
Eu para acalmar a tormenta Ainda disse oh Chico "auguenta" Mas o mangas insistiu. E o Chico sem intenção Deu-lhe um ligeiro encontrão Atirou com o tipo ao rio.
Um sócio de outro meco Quis-se armar em malandreco A gente já estava quentes. Veio para mim desnorteado Eu dei-lhe com penteado E pu-lo a cuspir os dentes.
Veio outro, veio outra ideia De sarnelha e plateia Mais outro fui-lhe ao focinho. E o Chico pelo seu lado Só para não ficar parado Aviou quatro sozinho.
Fez-se uma grande molhada Desatou tudo à estalada Eu e o Chico no centro. Daquela calamidade Apareceu a autoridade E meteu-nos todos dentro.
Não tenho vida para isto E de futuro desisto De me meter noutra alhada. Nunca mais vou a Cacilhas Mais o Chico Maravilhas Comer uma caldeirada!
são estas as coisas que me destroem hoje ao descer a rua passei pelo murinho gradeado onde costuma cirandar uma curiosa família de gatinhos. estava lá um saco de plástico com restos de comida para gato, uma caixa com água e por cima disto, entrelaçado nas grades, pairava um pedaço de cartão com uma folha A4 colada onde alguém conseguiu dactilografar veneno para gatos, cuidado com as crianças. Pensei imediatamente que cuidado é com os adultos venenosos, que as crianças e os gatos são anjos e gente desta está podre por dentro. Deitei tudo fora. Mas ainda não me vi livre da raiva. posted by pimpinelle
16.1.07
breaking news hoje no Destak lia-se a seguinte breve: Eusébio não consta da lista dos 10 maiores portugueses. Uma injustiça. posted by pimpinelle
bomb making material / o insustentável peso da incerteza
mundo louco do qual percebo pouco. soma-se e ou se some ou se segue e depois fazem-se as contas. não vou discutir o assunto aqui, sem tempo e à míngua de boas palavras, mas fica mais um exemplo do sinal dos tempos e da estupidez que paira.
ao que parece os senhores da FedEx não aceitaram fazer o envio de mercadorias que julgaram suspeitas e potencialmente perigosas. a ler a história completa aqui. não sei se ria ou chore, se brade aos céus ou ignore.
como tão bem dito aqui, o problema de se estar constipado é que não se pode estar mais nada. [mas descobre-se que o ranho é feito de proteínas e que é possível que nos saiam os tímpanos pelas narinas quando nos assoamos. esta última por experiência própria. enfim, a outra também. ainda assim é de tudo de uma profunda inutilidade. assim se passa das condições meteorológicas à condição humana. numchetante.]
o alfabeto completo, de a A a Z, do eu e do você, em português ou noutra forma. o saber livre e o artigo em promoção. não precisa de tirar a senha, para oracular um bocadinho é favor consultar o
estive no myspace por acaso. tropecei num piano. quis dizer que tinha gostado mas a discriminação ao nãomyspaciano não deixou. toca de criar um perfil instantâneo para ver se dou voz ao gosto. tudo muito simples e a saltar quase todos os passos porque não me queria demorar ali. pois os senhores do myspace têm por defeito algumas respostas já dadas em caso de não as querermos dar logo no acto da inscrição. e de repente vejo-me solteira, a medir 1 cm, a não querer ter filhos e já com um novo amigo, o tom. eu bem sei como as coisas funcionam, mas não era preciso tratarem-me assim...
[ respirava mais fundo se não me arranhasse na garganta. banheira ou chiado, estou de baixa. debaixo de chuva da nuvem escura da constipação a lembrar-me a desfaçatez com que o tempo desfaz a carne. e o pó volta ao pólen. o nariz que me pinga as gotas e o corpo furado da cabeça aos chinelos. e nem se pode pensar. ou só se pode pensar. e escrever. mal. pouco. mas insiste-se porque é o que vale ou que o valha. tanto para fazer e tão poucos a poder fazê-lo por mim e no fim ainda se faz pouco. mas faz de conta que não faz mal, ele há couves no quintal. que a noite vem e o amanhém já está, novo em folha, mais uma para dobrar, origami arigato. aos tropeções a receber as vagas de tosse no peito, a acondicionar os espirros trovões como posso, uma mão à frente, outra no bolso e o olho no bolo não vá o gato comê-lo, o bolo. assim passa o temporal mas faz-se o lamento e espera-se o rebento de bambu nem camões nem haiku, assim mais para o centro por mim adentro. flui leve quando não é para nada. parada de olhos quase a cerrar a noite e a sessão, e tudo o resto por fazer, não vá o diabo tecer dou-lhe já toda a razão. o verso pardo, o leonardo e o espinosa, a saia verde e cor-de-rosa tudo muito cor de roda, giratória girafória ortográfica madeira estática artista trágica que o sono leve e lá vai ela. ]
de ver os bifes contentes às nossas mesas, dos que se levam a sério, dos que se acham importantes e dos que gritam impropérios, das folhas a descer do céu, dos ovos das meias, das aranhas as teias, do comprido das meias. de te ver adormecer, do poder imaginar, dos há caracóis por aí, do quão perto estamos todos de cair, dos acentos graves, dos espelhos convexos, das aves raras, de olhar para as caras, da gente civilizada, da vida selvagem. dos esquecedores a gás, das caudas e dos enfeites, do triângulo dobrado do papel higiénico nos hotéis, de diamontes forever e pérolas a porcos, cogumelos caramelos para no fim parar escutar e olhar.
"Portanto, retenho que a mente é a mais simples imagem da mente divina, entre todas as imagens da complicação divina, que complica todas as imagens na sua simplicidade e na sua virtude de complicação. Assim como Deus é a complicação das complicações, assim a mente, que é a imagem de Deus, é a imagem da complicação das complicações. Depois das imagens existe a pluralidade das coisas que explicam a complicação divina, como o número é explicativo da unidade [...]"
Nicolau de Cusa, Idiota de mente, Cap. 4, H.V., nº 74, linhas 16-23, pp113-114
As pedras são muito mais lentas do que os animais. As plantas exalam mais cheiro quando a chuva cai. As andorinhas quando chega o Inverno voam até o Verão. Os pombos gostam de milho e de migalhas de pão. As chuvas vêm da água que o Sol evapora. Os homens quando vêm de longe trazem malas. Os peixes quando nadam juntos formam um cardume. As larvas viram borboletas dentro dos casulos. Os dedos dos pés evitam que se caia. Os sábios ficam em silêncio quando os outros falam. As máquinas de fazer nada estão quebradas. Os rabos dos macacos servem como braços. Os rabos dos cachorros servem como risos. As vacas comem duas vezes a mesma comida. As páginas foram escritas para serem lidas. As árvores podem viver mais tempo do que as pessoas. Os elefantes e os golfinhos têm boa memória. Palavras podem ser usadas de muitas maneiras. Os fósforos só podem ser usados uma vez. Os vidros quando estão bem limpos quase não se vê. Chicletes são para mastigar mas não para engolir. Os dromedários têm uma corcova e os camelos duas. As meia-noites duram menos que os meio-dias. As tartatugas nascem em ovos mas não são aves. As baleias vivem na água mas não são peixes. Os dentes quando a gente escova ficam mais brancos. Cabelos quando ficam velhos ficam mais brancos. As músicas dos índios fazem cair chuva. Os corpos dos mortos enterrados adubam a terra. Os carros fazem muitas curvas para subir a serra. Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Nem todas as respostas cabem num adulto.
texto de Arnaldo Antunes, multitalentoso brasileiro, - saber mais AQUI - que faz parte do livro de contos de vários autores Contos Contigo da Livrododia Editores pré-publicado na revista Os Meus Livros de Janeiro/07
quando estive em Paris não visitei o museu do Louvre. mas fui lá à casa de banho. aflitices, enfim. posso gabar-me desta feita e dizer como o vulgo diria, que me fui aliviar ao louvre. só. o que tem uma certa piada. devo ter lá ido só marcar território e em breve lá voltarei para ver se vejo mais do que as fachadas e os azulejos, que isto não fica por aqui. deus me louvre.
[fotohistérica mais do que fotogénica, excessivo-compulsiva, recolectora de citações de cujo núcelo central seja central nuclear. porque cada um de nós é o seu próprio patrão dos descobrimentos num estacionamento em espinha cheio atá à medula. domadora de trocadilhos, ideísta consumada cheia de profundos de investimento mas afinal textos com os parvos de validade ultrapassados, papéis a voar e hesitante a cada passo, na mão a bússula e o compasso. as grandes tiradas, nas mãos as fadas e as viagens nas minhas serras à espera de serem regadas. a pequenez disto tudo e de mim principalmente frente à maioria absoluta de todo o realmente.]
só o que sobrou no fundo de uma delas, a título de subtítulo de exemplo não exemplificativo. um disco de algodão, a receita do bolo de cenoura, o recibo de vecimento, consulta de movimentos de conta, bilhete de cinema, recibos vários, 25 post-its, talões de pontos, mais bilhetes, papel com escrituras, talão de depósito, bloco operatório, papel de rebuçado, 5 cêntimos, restos de embrulho de penso rápido, baton de cieiro no fim e tudo isto no fundo porque no fundo é isto.
de ano para ano o ano vem com listas, de promessas e de vinhos, de juras e de não voltar. há anos em que assim se passa. este ano estou-me bem listando