josefina antes da sua chegada, napoleão mandava um emissário com um recado: "chego daqui a três dias, não te laves". isto sim! imperial. posted by pimpinelle
nocturno - eu hoje estou tão gira que nem me apetece pôr o pijama - desculpa mas essa tem de ser publicada posted by pimpinelle
é o que é
não sei muito nem faço alarde. vou lendo aqui e ali as vidas dos outros, as vidas, os outros e sabe-me bem. fica simples, cada vez preciso menos das palavras de que cada vez preciso mais. o poço no fundo é bom. demaneirasque mais ou menos tortuosamente a pedra parte-se e segue-se para bingo. e oiço coisas bonitas, fazem-mas e faço-as sempre que sei. sei pouco mas vou sabendo. e lendo e assim, aqui e ali, a abrir caixas, desmontar tralhas e a ver os placards de cortiça que uns e aqueles deixam pendurados para público ver. e são montes e são mostras e montras que eu olho. e vejo e pronto. ponto. lembrei-me do livro a terra da alegria e alegrei-me. bingo. acho que vou pra artista, se não for para mais nada ou para o resto.
um leite condensado, uma coisinha enorme, um papagaio num galho, um baloiço embalado, um blábláblar sem fim, um pôr do sol assim, tu de lado e depois eu, de bicicleta até viseu, eu salto, tu mais alto, pimponeta, pimponeto, pin e pon, ping e pong, um pingo, um gongo, um pião, um coreto, um corneto, um xilofone, um higiofone, um trombone todo boca, tudo louco nos conformes. correria cobertores, leitaria, duas vozes, gritaria. um bom bom, um aleron pra voar mais, é chunga mas faz-se uma rumba, um arrombo rua fora, sem demora, um desfile de vasos e majericos de circo, arcos e flechas de borracha, argamassa de castelo, um pé na praia outro no chinelo.
falta de ideias? em centenas de anos de história e não se lembram de nada? e abrir um livro, que tal? ou ousar imprimir mais do que três pobres curiosidades diferentes, não? e parar de nos irritar com pacotinhos insignificantes com mensagens insignificantes? e que tal não usarem a clientela para a pesquisa? e que tal se eu mandasse um e-mail-curiosidade inventado? acreditavam? hein? que tal? que tal quetal quetalquetalquetalquetal?*
[apontamento egotista] [às vezes não escrevo nada porque acho que já tudo foi escrito. o mesmo no dizer. às vezes perco o modjo porque sei que conheço quem me lê] posted by pimpinelle
e eu não quero escrever aqui assim nem assado cozido frito salgado, mas voltimeia vem a ânsia de mais e daquela perfeição , não a utópica, a outra. na palavra, na lavra, em tudo. o rumo que eu não sei e que gostava de saber. como não sei o que hei-de escrever e fico no tapete, baralhada a contar as cartas que mandei e o 21 que não saiu e eu não sei porquê. como não sei o resto e o relaxe não é sauna, é estupidez. e ando aqui ali a ver, a afastar a cortina dos cantos a ver se encontro restos em que possa pegar, mas quase tudo foge, ou quase tudo são restos , e mesmo o que fixo parece-me fugidio, a escorregar, enguia que nem descarga dá, só apita. assim, uma enguia que apita ou assobia, feita chaleira ridícula. e depois, uma vez mais este pseudointimismo enervante de mim que dedilha as linhas sem querer, a saber que há melhor aí, a resistir mas a reter. e lá vai um ai, arrancado em caixa alta, seja lá o que isso for.
um apitão, e um sino e nós na calçada e nós de laçada a descobrir o caminho da rotunda do sul ao sol, meia tosta, uma aposta vai e enrosca. o primor do corredor e uma antecâmara para o filme a sorrir. uma bica de soja e depois na loja para ti a etiqueta que diz made in heaven e eu que te digo anda e leva-me. e vêm estrelas, tambores e sardinhas ao comprido e ideias e manias ambulantes que em salpicos de água benta estou contigo à relenta e me embalas rua abaixo. e todos no cesto a saltar, abanicos e penicos, as bolas ao poste e uns a pastar. e depois amanheces de milagre e vamos ao rio pescar o jornal de fio a navio. gatos, postais, portais, telhados malhados, varandas e miras de ouro e nós numas andas a fazer o passeio na calçada do encalço, olha nós de pé descalço. e sem poder dizer nada, eu fico calada a ver-te sorrir. a pose para a lente e de repente, trazes-me mas eu fico.
de costas nas escadas, mal equilibrado, coitado do rapaz, estafeta em fim de dia, cansado, talvez. nas escadas, de costas e eu queria passar e nem lhe disse boa tarde, nem ele a mim. dei-lhe um com licença e ele destrocou-me aquilo num ai desculpe, como quem diz estou aqui sem querer. de cabeça baixa, meio torto nos degraus, um ar pouco instruído, meio sem saber onde encostar os papéis e como se organizar, e sem levatar os olhos, desculpe, passe, claro, claro. e a grunhice frágil enternece-me e apetece-me dizer-lhe levanta-te e anda e ele fica ali, sem mostrar a cara, todo mãos a segurar os papéis a pedir desculpa e eu passo num instante para não o incomodar.
a nostalgia de uma tecla de piano de cadência lenta equidistante ao longe. e de repente a ideia assustadora de que se não te dissesse nada, também não mo dirias. e depois vinha a noite e comia-me e eu ficava a olhar. e mais nada.